quarta-feira, 7 de agosto de 2013

histórias emocionantes do esporte.

Lis esse artigo no blog do Dr. Osmar de oliveira, e resolvi replicá-lo devido a grandeza do ato destes que são tratados como heróis mediante a artrocidade que se submeteram diante dos nazistas, durante o holocausto.



Time Star - modelo

A história do futebol mundial tem milhares de episódios emocionantes e comovedores, mas seguramente nenhum seja tão terrível como o protagonizado pelos jogadores do Dinamo de Kiev nos anos 40. Os jogadores jogaram um partida sabendo que se ganhassem seriam assassinados e no entanto, decidiram ganhar. Na morte deram uma lição de coragem, de vida e honra, que não encontra, por seu dramatismo, outro caso similar no mundo. Para compreender sua decisão, é necessário conhecer como chegaram a jogar aquela decisiva partida, e por que uma simples partida de futebol apresentou para eles o momento crucial de suas vidas.

Tudo começou em 19 de setembro de 1941, quando a cidade de Kiev (capital ucraniana) foi ocupada pelo exército nazista e os homens de Hitler aplicaram um regime de castigo impiedoso e arrasaram com tudo. A cidade converteu-se num inferno controlado pelos nazistas, e durante os meses seguintes chegaram centenas de prisioneiros de guerra, que não tinham permissão para trabalhar nem viver nas casas, assim todos vagavam pelas ruas na mais absoluta indigência. Entre aqueles soldados doentes e desnutridos, estava Nikolai Trusevich, que tinha sido goleiro do Dinamo.

Kiev totalmente destruida

Kiev totalmente destruida

Josef Kordik, um padeiro alemão a quem os nazistas não perseguiam, precisamente por sua origem, era torcedor fanático do Dinamo. Num dia caminhava pela rua quando, surpreso, olhou um mendigo e de imediato reconheceu seu ídolo: o gigante goleiro Trusevich. Ainda que fosse ilegal, mediante artimanhas, o comerciante alemão enganou aos nazistas e contratou o goleiro para que trabalhasse em sua padaria. Sua ânsia por ajudá-lo foi valorizada por Trusevich que agradecia a possibilidade de se alimentar e dormir debaixo de um teto. Ao mesmo tempo, Kordik emocionava-se por ter feito amizade com a estrela de sua equipe.

Na convivência, as conversas sempre giravam em torno do futebol e do Dinamo, até que o padeiro teve uma idéia genial: pediu a Trusevich que em lugar de trabalhar como ele, amassando pães, se dedicasse a buscar o resto de seus colegas. Não só continuaria lhe pagando, senão que juntos podiam salvar os outros jogadores. O arqueiro percorreu o que restara da cidade devastada dia e noite, e entre feridos e mendigos foi descobrindo, um a um, a seus amigos do Dinamo. Kordik deu trabalho a todos, se esforçando para que ninguém descobrisse a manobra. Trusevich encontrou também alguns rivais do campeonato russo, três jogadores da Lokomotiv, e também os resgatou. Em poucas semanas, a padaria escondia entre seus empregados uma equipe completa.

O goleiro Trusevich

O goleiro Trusevich

Reunidos pelo padeiro, os jogadores não demoraram em dar o passo seguinte, e decidiram, alentados por seu protetor, voltar a jogar. Era, além de escapar dos nazistas, a única coisa que sabiam fazer bem. Muitos tinham perdido suas famílias nas mãos do exército de Hitler e o futebol era a última sombra mantida de suas vidas anteriores. Como o Dinamo estava enclausurado e proibido, deram um novo nome para aquela equipe. Assim nasceu o FC Start, que através de contatos alemães começou a desafiar a equipes de soldados inimigos e seleções formadas no III Reich.

Em sete de junho de 1942, jogaram sua primeira partida. Apesar de estarem famintos e cansados por terem trabalhado toda a noite, venceram por 7 x 2. O próximo adversário foi a equipe de uma guarnição húngara, ganharam de 6 x2. Depois meteram 11 gols numa equipa romena. A coisa ficou séria quando em 17 de julho enfrentaram uma equipe do exército alemão e golearam por 6 x 2. Muitos nazistas começaram a ficar chateados pela crescente fama do grupo de empregados da padaria e buscaram uma equipe melhor para ganhar deles. Trouxeram da Hungria o MSG com a missão de derrotá-los, mas o FC Start goleou mais uma vez por 5 x 1, e mais tarde, ganhou de 3 x 2 na revanche.

O cartaz da revanche

O cartaz da revanche

Em seis de agosto, convencidos de sua superioridade, os alemães prepararam uma equipe com membros da Luftwaffe, o Flakelf, que era uma grande time, utilizado como instrumento de propaganda de Hitler. Os nazistas tinham resolvido buscar o melhor rival possível para acabar com o FC Start, que já gozava de enorme popularidade entre o sofrido povo refém dos nazistas. A surpresa foi grande, porque apesar da violência e falta de esportividade dos alemães, o Start venceu por 5 a 1.

Depois dessa escandalosa queda do time de Hitler, os alemães descobriram a manobra do padeiro. Assim, de Berlim chegou uma ordem de acabar com todos eles, inclusive com o padeiro, mas os hierarcas nazistas locais não se contentaram com isso. Não queriam que a última imagem dos russos fosse uma vitória, porque acreditavam que se fossem simplesmente assassinados não fariam nada mais que perpetuar a derrota alemã. A superioridade da raça ariana, em particular no esporte, era uma obsessão para Hitler e os altos comandos. Por essa razão, antes de fuzilá-los, queriam derrotar o time em um jogo. Com um clima tremendo de pressão e ameaças por todas as partes, anunciou-se a revanche para 9 de agosto, no repleto estádio Zenit. Antes do jogo, um oficial da SS entrou no vestiário e disse em russo:
- “Vou ser o juiz do jogo, respeitem as regras e saúdem com o braço levantado”, exigindo que eles fizessem a saudação nazista.

O time alemão
O time alemão
O time do Star
O time do Star
Já no campo, os jogadores do Start (camisas vermelha e calções brancos) levantaram o braço, mas no momento da saudação, levaram a mão ao peito e no lugar de dizer: – “Heil Hitler!”, gritaram – “Fizculthura!”, uma expressão soviética que proclamava a cultura física. Os alemães (camisa branca e calção negro) marcaram o primeiro gol, mas o Start chegou ao intervalo ganhando por 2 x 1. Receberam novas visitas ao vestiário, desta vez com armas e advertências claras e concretas:
- “Se vocês ganharem, não sai ninguém vivo”,ameaçou um outro oficial da SS. Os jogadores ficaram com muito medo e até propuseram-se a não voltar para o segundo tempo. Mas pensaram em suas famílias, nos crimes que foram cometidos, na gente sofrida que nas arquibancadas gritava desesperadamente por eles e decidiram, sim, jogar.

Deram um verdadeiro baile nos nazistas. E no final da partida, quando ganhavam por 5 x 3, o atacante Klimenko ficou cara a cara com o arqueiro alemão. Deu lhe um drible deixando-o estatelado no chão e ao ficar em frente a trave, quando todos esperavam o gol, deu meia volta e chutou a bola para o centro do campo. Foi um gesto de desprezo, de deboche, de superioridade total. O estádio veio abaixo.

Como toda Kiev poderia a vir falar da façanha, os nazistas deixaram que saíssem do campo como se nada tivesse ocorrido. Inclusive o Start jogou dias depois e goleou o Rukh por 8 x 0. Mas o final já estava traçado: depois dessa última partida, a Gestapo visitou a padaria. O primeiro a morrer torturado em frente a todos os outros foi Kordik, o padeiro. Os demais presos foram enviados para os campos de concentração de Siretz. Ali mataram brutalmente a Kuzmenko, Klimenko e o arqueiro Trusevich, que morreu vestido com a camiseta do FC Start. Goncharenko e Sviridovsky, que não estavam na padaria naquele dia, foram os únicos que sobreviveram, escondidos, até a libertação de Kiev em novembro de 1943. O resto da equipe foi torturada até a morte.

Ainda hoje, os possuidores de entradas daquela partida têm direito a um assento gratuito no estádio do Dinamo de Kiev. Nas escadarias do clube, custodiado em forma permanente, conserva-se atualmente um monumento que saúda e recorda àqueles heróis do FC Start, os indomáveis prisioneiros de guerra do Exército Vermelho aos quais ninguém pode derrotar durante uma dezena de históricas partidas, entre 1941 e 1942. Foram na maioria, mortos entre torturas e fuzilamentos, mas há uma lembrança, uma fotografia que, para os torcedores do Dinamo, vale mais que todas as jóias em conjunto do Kremlin. Ali figuram os nomes dos jogadores. (foto acima)

Goncharenko e Sviridovsky, únicos sobreviventes, junto ao monumento de homenagem ao time

Goncharenko e Sviridovsky, únicos sobreviventes, junto ao monumento de homenagem ao time

Na Ucrânia, os jogadores do FC Start hoje são heróis da pátria e seu exemplo de coragem é ensinado nos colégios. No estádio Zenit uma placa diz “Aos jogadores que morreram com a cabeça levantada ante o invasor nazista”.

(Meu agradecimento especial ao amigo Rodrigo Borges, de Uberaba(MG) que me completou essa história)



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Devido minha indignação com o que tem acontecido ultimamente em relação aos videogames...
Resolvi replicar um artigo que li e que retrata bem como a sociedade hoje trata tudo que esta acontecendo a sua volta.

Crime e os Jogos

Matéria de 06/08/2013 - Por João Carlos Alves (@oldschool_gamer)


Não frequentei, nem pretendo cursar Psicologia e nem estudar o comportamento humano.

No entanto, não precisei de nenhuma instrução acadêmica nesse âmbito, para me tornar um cidadão de bem, pai de família amoroso, um marido que ama sua esposa e uma pessoa que tem muitos amigos e respeita e procura fazer um ambiente familiar saudável.

E isso não me faz um santo.

Muitas e muitas vezes, me vi desejando coisas ruins para quem eventualmente me prejudica, já ofendi, já briguei, já fiz coisas erradas.

Crime e os Jogos - Old School Gamer Tudo de ruim que eu fiz ou possa fazer, é consequência dos meus atos, vontades e defeitos.

Fico extremamente triste quando vejo, notícias do tipo bizarra, anormal como pai matando filho, filho matando pai, latrocínios, sequestros, barbárie contra animais e crianças, estupro, pedofilia, corrupção, assassinos de escola, traficantes e a crescente apologia ao crime e a bandidagem, seja por atitudes ou “música” de qualidade duvidosa.

Pior ainda fico eu, quando vejo que todas essas atitudes negativas e criminosas, são atribuídas a elementos que SABEMOS não terem NENHUM tipo de ligação direta com a ação.

E a bola da vez, mais uma vez, são os jogos eletrônicos.

Já foi Doom, Mortal Kombat, Carmageddon, GTA, Counter Strike e no caso mais recente, Assassin's Creed.

Quando é que será a índole, a personalidade problemática, o ambiente familiar, a criação, a falta de amor tanto próprio quanto recebido?

Adoro jogos violentos desde moleque.

Que moleque não gosta de jogos de ação? De sentir o poder? De decidir se destrói ou não o oponente?

Crime e os Jogos - Old School Gamer Isso nunca me transformou em nenhum assassino em potencial, ou pessoa violenta.

Adoro jogos de esporte, nem por isso virei jogador profissional de Futebol ou automobilista.

Se os jogos são o problema, quando é que virarei prefeito de uma cidade como em Sim City?

Se os jogos são o problema, preciso saber onde está a minha riqueza adquirida com tanto empenho através dos anos jogando Monopoly, o famoso Banco Imobiliário?

Não sei sequer segurar um revolver, mas aprendi ao longo de noites em lan houses a executar alguns “head shots” no Counter Strike e a lançar granadas nos inimigos e comemorar suas mortes virtuais com bom humor.

Não é de hoje que vemos a mídia de massa, manipulando informações, transformando matérias tristes em “assuntos da semana” e cheios de sensacionalismo pelo simples motivo banal chamado: audiência.

Vale tudo para alcançar esse objetivo e assim, trazer publico que na teoria, vai consumir a informação banal e os produtos anunciados nos intervalos ou nas páginas da revista, jornal ou em pop up nos sites por aí.

Inclusive dizer com letras garrafais “Perfil de assassino em rede social tinha foto do jogo X” e assim, acabando com a reputação de empresas sérias que trabalham com um entretenimento que apesar de divertido, NEM SEMPRE É PARA MENORES DE IDADE OU CRIANÇAS.

Existe um tipo de regulamentação que NÃO É SEGUIDO por ninguém nesse país, que classifica o conteúdo do entretenimento de acordo com a idade de quem pode consumi-lo.

Não posso ser hipócrita aqui em dizer que sigo isso, pois NÃO SIGO essas classificações senão, não teria jogado Mortal Kombat (e outros) na adolescência, mas nunca peguei uma faca e passei no pescoço de nenhum familiar, ou abri fogo dentro de um cinema ou shopping.

Isso é caráter.

É ter ciência do certo e do errado.

Crime e os Jogos - Old School Gamer

Apontar culpados não nos cabe, mas cabe sim dizer que a imprensa é IRRESPONSÁVEL em taxar que um jogo é responsável pela morte de uma família ou suicídio.

São programas que não possuem foco algum e em sua produção extremamente mal feita, colocam pseudo-apresentadores para fazer um jornalismo irrea, que é apoiado por palhaços em ternos que falam pausadamente, procurando causar riso na população em cima de tragédias e problemas do cotidiano de uma cidade como São Paulo.

A novela traz adultério, criminalidade, preconceito racial e sexual, desigualdade social como coisa natural e aceitável, o mal vencendo até os 45 do segundo tempo e pagando caro depois, ricos esnobando pobres e uma desenfreada vontade de vingança em massa nos seus 60 minutos diários de lixo tele dramatúrgico.

E isso é “bonito”, é assunto, é conversa...

Crime e os Jogos - Old School Gamer Não existia videogame na época do holocausto.

Filmes violentos, com temáticas de complexidade e temática adulta estão aí espalhado aos montes, e raramente, na verdade eu nunca vi, alguém dizer que tal crime foi motivado ou influenciado por que o criminoso, tinha em sua videoteca, filmes desse tipo.

Quando é que a personalidade e os transtornos pré-existentes serão realmente os gatilhos para tais ações hediondas?

Integrantes dessa mídia sensacionalista barata e de péssima qualidade procurem entender que é óbvio que se a pessoa tem distúrbios de comportamento e atitudes suspeitas, ela vai procurar coisas que liguem certos “pontos” em seus complexos sistemas de pensamento e façam sentidos.

Não existiam videogames nas cruzadas e torturas em nome de Deus.

Bom, não consigo mais acreditar na evolução cultural em massa nesse país.

Acredito que num futuro, as coisas infelizmente vão piorar e caberá a cada um de nós, de bom senso, procurar com calma por informações de bom teor, de cultura de verdade e separar assim, o joio do trigo.

Amanhã, espero não atropelar nenhum idoso, atirar em transeuntes nem pilotar tanques de guerras ao me dirigir ao trabalho.

Deixo isso para os momentos de lazer com meus amados jogos.

Ah! Fuja dessa mídia, mas não deixe de criticá-la e assim, minar suas forças pouco a pouco se isso for possível.

Espero que você também faça o mesmo e me perdoe por ter feito você ler tudo isso.

Ubisoft (e outras tantas softhouses), também lhe peço perdão em nome do povo de bem, por um país que te cobra horrores em impostos e ainda usará seu bom Assassin's Creed, para culpar e motivar um crime e assim, dar uma escondida no Mensalão, Corrupção e tantos outros problemas sociais.

Brasil, um país de tolos.

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terça-feira, 6 de agosto de 2013

Top 10: melhores fimes dos Trapalhões

Relembrar é viver. Bons tempos da minha infância

Hoje estava folheando a net e vi um amigo elencando alguns filmes que fizeram parte da sua infância.

Então resolvi fazer o mesmo. Minha infância assisti muito aos filmes dos trapalhões.

Posso dizer que assisti praticamente todos.

Portanto resolvi elencar meu top 10 dos filmes que me lembro de ter assistido desses que fizeram humor de verdade.

Pra mim quando ainda estavam vivos Mussum e Zacarias, juntos de Didi e Dedé eram os maiores comediantes do país.

Posto esse que até hoje ninguém ainda conseguiu alcançar.



Aí vai....


Os Trapalhões na Guerra dos Planetas

10 Os Trapalhões na Guerra dos Planetas Estrelinha Estrelinha ½
[Adriano Stuart, 1978]

Um dos filmes mais cara-de-pau da história do cinema brasileiro, Os Trapalhões na Guerra dos Planetas é uma cópia descarada de Guerra nas Estrelas , que suga o visual de personagens como Darth Vader, Luke Skywalker e Chewbacca para uma história sobre um príncipe – vivido pelo carioca Pedro Aguinaga, eleito à época o homem mais bonito do Brasil – que vem buscar ajuda na Terra para enfrentar inimigos em seu planeta natal. Foi um dos cinco filmes do quarteto dirigido por Adriano Stuart. Os efeitos visuais e a direção de arte são mais do que precários, o que deu ao filme uma aura cult -trash que atravessou fronteiras como o Brazilian Star Wars . Talvez por precariedade o filme tem várias cenas sem diálogos. Cenas longas que ora são de luta, ora de dança, ora cenas quaisquer, onde a trilha sonora eletrônica a la Giorgio Moroder faz às vezes de narradora da história, criando alguns momentos hipnóticos que tornam o filme bem mais interessante do que ele realmente é. Seguindo a proposta, a apresentadora Christina Rocha faz uma participação, entrando muda e saindo calada.

O Trapalhão no Planalto dos Macacos

9 O Trapalhão no Planalto dos Macacos Estrelinha Estrelinha ½
[J. B. Tanko, 1976]

Por um lado, mais elaborado do que Guerra do Planetas , por outro, menos ambicioso. No meio disso tudo, mais uma cópia sem vergonha de um grande sucesso do cinema americano (aliás, de dois porque a sequência inicial é uma brincadeira – deliciosa, diga-se – em cima do Tubarão de Steven Spielberg) . Mas aqui pelo menos há uma tentativa de contextualizar a trama na realidade brasileira. Os personagens de Renato Aragão e Dedé Santana são confundidos com ladrões e, junto com o guarda que os persegue, vivido por Mussum, em sua estreia num filme do grupo, entram num balão que vai terminar num mundo dominado por macacos. Os figurinos e maquiagem de qualidade discutível dão ao filme um tom artesanal que funciona muito para que os Trapalhões desfilem suas gags e que emprestou certa fama internacional de filme trash ao longa e o transformou em cult.

O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão

8 O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão Estrelinha Estrelinha Estrelinha
[J. B. Tanko, 1977]

A maior bilheteria dos Trapalhões ainda não tinha a presença do mineiro Zacarias, mas já dizia muito de como o grupo operava em conjunto. A trama parte de pequenos golpes aplicados pelos três protagonistas, que simulavam lutas para ganhar dinheiro com apostas. Num só pacote, os Trapalhões refletiam o “jeitinho brasileiro” enquanto falavam sobre a situação econômica que forçaria a população a arrumar uma maneira de sobreviver, o que viria a ser uma das linhas fundamentais do humor do grupo. O que vem a seguir é mais uma das adaptações que o grupo fazia de histórias e personagens lendários, mais simples, mas com alguns momentos deliciosos, como todas as cenas em que o trio encontra a bruxa interpretada por Vera Setta que atormentou os sonhos de uma geração.

O Cinderelo Trapalhão

7 O Cinderelo Trapalhão Estrelinha Estrelinha Estrelinha
[ O Cinderelo Trapalhão , Adriano Stuart, 1979]

A cena final é um clássico da Sessão da Tarde: cada trapalhão recebe uma porção de terras por ter salvo a fazenda do mocinho do filme, mas Cinderelo, papel de Renato, fica com a menor delas. Quando ele resolve cavar no pequeno cercado para enterrar a sujeira de seu bode Gumercindo, descobre petróleo. Todos comemoram e o filme termina com a imagem congelada dos Trapalhões, pulando de alegria. É o fim de uma história em que os Trapalhões cutucam a sociedade feudal brasileira, que oprime a classe trabalhadora através da força. Há uma série de cenas engraçadíssimas, principalmente quando Renato Aragão se passa por um príncipe árabe e Dedé finge ser um mexicano. Dino Santana, irmão de Dedé, protagoniza junto com ele uma cena acrobática de luta sensacional.

Os Trapalhões na Serra Pelada

6 Os Trapalhões na Serra Pelada Estrelinha Estrelinha Estrelinha
[J. B. Tanko, 1982]

Primeiro filme dos Trapalhões que eu vi no cinema e, possivelmente, meu primeiro filme no cinema, é um longa irregular, que começa muito bem, explorando um tema essencial ao Brasil da época, o garimpo, mostrando que o quarteto estava interessado em acompanhar a história. O filme equilibra uma das melhores trilhas sonoras dos filmes do grupo com um retrato interessante da vida no formigueiro humano, mas o roteiro varia para uma aventura mais ordinária, que apesar de manter o universo do poder no garimpo, prioriza cenas de luta longas e, em muitas vezes, protagonizadas pelo Exército, o que dá um tom oficialesco ao filme e deixa o terço final bem inferior ao restante. A música se sobressai ao conjunto: “Procurei Teresa”, cantada por Didi e Dedé, e “Perdi Minha Nega num Forró″, na maravilhosa interpretação de Zacarias (as duas em sequência com participação de Sivuca e de um coral feminino) são geniais.

Os Vagabundos Trapalhões

5 Os Vagabundos Trapalhões Estrelinha Estrelinha Estrelinha ½
[J. B. Tanko, 1982]

Fortemente inspirado pelo Vagabundo de Charles Chaplin, Renato Aragão volta a batizar um personagem seu que vive nas ruas como Bonga (o outro era o protagonista de Bonga, o Vagabundo , quando ainda nem havia Os Trapalhões). O resultado, nas mãos de J.B. Tanko, é de um lirismo popular impressionante, reforçado pela trilha coescrita por Aragão. O tema principal, na versão instrumental que abre e fecha o filme ou na cantada por Jessé, é belíssimo e ajuda a dar o tom melancólico do filme, embalando algumas das cenas mais comoventes da história do quarteto. Louise Cardoso, bem jovem, está linda e é uma das poucas mocinhas que terminam com um personagem de Aragão, embora ele tenha se interessado mesmo por Denise Dumont. Fabio Villa Verde e a Narizinho Isabela Bicalho estão entre as crianças da história.

O Cangaceiro Trapalhão

4 O Cangaceiro Trapalhão Estrelinha Estrelinha Estrelinha Estrelinha
[Daniel Filho, 1983]

Este é provavelmente o longa mais bem dirigido na filmografia dos Trapalhões, que aqui revisitam um gênero tipicamente brasileiro, o do filme sobre o cangaço. Na sequência inicial da emboscada na cidade, Daniel Filho mostra suas qualidades como cineasta, orquestrando atores e câmeras em cima dos telhados, abusando de gruas e buscando os ângulos mais inteligentes que já enquadraram o quarteto. É também o filme que tem as melhores interpretações de atores convidados pelo grupo, com destaque absoluto para Nelson Xavier como Lampião e Tânia Alves no papel de Maria Bonita. Tânia, por sinal, dá voz a uma das músicas do filme, mais uma bela trilha assinada por Guto Graça Mello. Mas o melhor momento musical é a antológica “Lagartixa”, de Rita Lee, que embala o encontro entre Severino do Quixadá (Renato Aragão) e a Fada Bruxa de Bruna Lombardi. Os diálogos, bem acima da média dos filmes do grupo, são creditados ao grande Chico Anysio. Regina Duarte, naquele que é provavelmente seu único sucesso no cinema, é a mocinha.

O Casamento dos Trapalhões

3 Os Trapalhões e o Mágico de Oróz Estrelinha Estrelinha Estrelinha Estrelinha
[Dedé Santana & Victor Lustosa, 1984]

Este foi o filme que reuniu os Trapalhões depois de uma separação de seis meses. A direção foi entregue a Dedé Santana, que dividiu o trabalho com Victor Lustosa. O resultado é uma surpreendente mistura entre a fantasia de O Mágico de Oz com uma aguçada crítica social, em que o quarteto representa o povo nordestino que luta pela vida em plena seca do Sertão. As músicas de Arnaud Rodrigues, no mesmo esquema do filme de Victor Fleming, ajudam a estabelecer o elo tanto com a fábula quanto com o caráter político da história. É um dos filmes mais sérios do grupo, embora tenha espaço farto para as gags e trocadilhos dos quatro, e tem um dos roteiros mais redondos dos Trapalhões, uma adaptação, inclusive, bem melhor do que a que a Motown fez da história de Oz em 1978. A frase que encerra o filme diz muito sobre sua natureza: “E choveu. Que a chuva que molhou o sofrido chão do Nordeste não esfrie o ânimo de nossas autoridades na procura de soluções para a seca”.

Os Saltimbancos Trapalhões

2 Os Saltimbancos Trapalhões Estrelinha Estrelinha Estrelinha Estrelinha
[J. B. Tanko, 1981]

O filme-símbolo de uma geração e da carreira dos Trapalhões no cinema, favorito de nove entre dez crianças dos anos 80, só peca por sua edição. A montagem é truncada, não tem muito cuidado com a passagem de som entre as cenas, e os números musicais surgem em bloco, em vez de serem diluídos ao longo do filme. Dito isso, assistir Os Saltimbancos Trapalhões é uma experiência mágica. Renato Aragão queria que esta fosse sua obra-prima e pediu a Chico Buarque para adaptar sua peça para o cinema. Chico não apenas liberou o material (que já era uma versão de um musical italiano), como resolveu assinar o roteiro e escrever músicas inéditas para o longa. Canções belíssimas como “Hollywood” (na voz suave de Lucinha Lins), “Piruetas” e “Alô, Liberdade” levam o universo da luta de poder do original para o mundo do circo, palco perfeito para os quatro palhaços. O humor físico aqui ganha cenas antológicas, como “vou popotizar você”, com um Didi inspirado, ou quando Zacarias e Mussum são perseguidos pelo cachorro Bob. J.B. Tanko equilibra lirismo, aventura e até uma visita psicodélica a um estúdio de cinema numa trama simples sobre como a classe trabalhadora consegue chegar ao poder.

Os Trapalhões no Auto da Compadecida

1 Os Trapalhões no Auto da Compadecida Estrelinha Estrelinha Estrelinha Estrelinha Estrelinha
[Roberto Farias, 1987]

O único encontro entre os Trapalhões e o cineasta Roberto Farias resultou no melhor filme do grupo. Se os outros trabalhos sofriam na montagem e no timing, este aqui, baseado no clássico de Ariano Suassuna, é impecável, quase uma obra-prima, que rivaliza com a versão dirigida em 2000 por Guel Arraes. Renato Aragão interpreta João Grilo e Dedé Santana vive Chicó. Ambos estão inspirados. Farias, que também assina o roteiro, entregou um texto ágil e bastante fiel ao original, que captura o universo cordelístico nordestino, traduz seus personagens e sua natureza. É um filme cheio de sotaque e universal. Zacarias faz o dono do mercadinho, variando sua personagem tradicional, e Mussum rouba a cena como o frade que assume um papel importante na reta final do longa. Suassuna, por sinal, acha que esta foi a melhor adaptação de sua peça. O elenco, com destaque para Claudia Gimenez, José Dumont e Raul Cortez, trabalha com uma afinação difícil de encontrar. A música de Antônio Madureira dá unidade a todos atos, entre eles o ato final, em que o julgamento no céu se transforma num palco de circo, lugar ideal para que os Trapalhões se sintam em casa. Um filme delicioso.



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